quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
ALVARENGA PEIXOTO
Eu vi a linda Jônia e, namorado,
fiz logo voto eterno de querê-la;
mas vi depois a Nise, e é tão bela,
que merece igualmente o meu cuidado.
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A qual escolherei, se, neste estado,
eu não sei distinguir esta daquela?
Se Nise agora vir, morro por ela,
se Jônia vir aqui, vivo abrasado.
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Mas ah! que esta me despreza, amante,
pois sabe que estou preso em outros braços,
e aquela me não quer, por inconstante.
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Vem, Cupido, soltar-me destes laços:
ou faze destes dois um só semblante,
ou divide o meu peito em dois pedaços!
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(Alvarenga Peixoto)
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
GRACIALIANO RAMOS
Graciliano Ramos de Oliveira foi um romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro do século XX. O estilo formal de escrita e a caracterização do eu em constante conflito (até mesmo violento) com o mundo, a opressão e a dor seriam marcas da sua literatura.Nasceu em 27 de outubro de 1892 em Quebrangulo, nas Alagoas, vindo a falecer em 20 de março de 1953.
"Ateu! Não é verdade. Tenho passado a vida a criar deuses que morrem logo, idolos que depois derrubo. Uma estrela no ceu, algumas mulheres na terra.."
"Certos lugares que me davam prazer tornaram-se odiosos. Passo diante de uma livraria, olho com desgosto as vitrinas, tenho a impressão de que se acham ali pessoas, exibindo títulos e preços nos rostos, vendendo-se. É uma espécie de prostituição."
"Os defeitos, porém, só me pareceram censuráveis no começo das nossas relações. Logo que se juntaram para formar com o resto uma criatura completa, achei-os naturais, e não poderia imaginar Marina sem eles, como não a poderia imaginar sem corpo."
"Escolher marido por dinheiro. Que miséria! Não há pior espécie de prostituição."
"Nunca presto atenção as coisas, não sei para que diabo quero olhos. Trancado num quarto, sapecando as pestanas em cima de um livro, como sou vaidoso, como sou besta! Idiota. Podia estar ali a distrair-me com a fita. Depois, finda a projeção, instruir-me vedos as caras. Sou uma besta. Quando a realidade me entra pelos olhos, o meu pequeno mundo desaba."
"Quem dormiu no chão deve lembra-se disto, impor-se disciplina, sentar-se em cadeiras duras, escrever em tábuas estreitas. Escreverá talvez asperezas, mas é delas que a vida é feita: inútil negá-las, controná-las, envovê-las em gaze."
"Se a única coisa que de o homem terá certeza é a morte; a única certeza do brasileiro é o carnaval no próximo ano."
"Se a igualdade entre os homens- que busco e desejo- for o desrespeito ao ser humano, fugirei dela."
Quando se quer bem a uma pessoa a presença dela conforta.
Só a presença, não é necessário mais nada.
Graciliano Ramos
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
terça-feira, 17 de novembro de 2009
8º HUMOR
O que você acha?
Fernando Pessoa
www.pensador.info/autor/Fernando_Pessoa/
terça-feira, 10 de novembro de 2009
CECÍLIA MEIRELES
Tentei, porém nada fiz...
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis...
mas não quero mais...
Cecília Meireles
Se em um instante se nasce e um instante se morre,um instante é o bastante pra vida inteira
Cecília Meireles
Pus-me a cantar minha pena
Com uma palavra tão doce
De maneira tão serena
Que até Deus pensou
Que fosse felicidade e não pena
Cecília Meireles
... E por perder-me é que vão me lembrando,por desfolhar-me é que não tenho fim.
Morro do que há no mundo:
do que vi, do que ouvi.
Morro do que vivi.
Morro comigo, apenas:
com lembranças amadas,porém desesperadas.
Morro cheia de assombropor não sentir em mim
nem princípio nem fim.
Morro: e a circunferênciafica, em redor, fechada.
Dentro sou tudo e nada.
Cecília Meireles
O Amor...
É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!
Cecília Meireles
www.pensador.info/p/frases_de_cecilia_meireles/1/
terça-feira, 3 de novembro de 2009
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
AUGUSTO DOS ANJOS
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Paraíba, 20 de abril de 1884 - Leopoldina, Minas Gerais, 12 de novembro de 1914), poeta brasileiro.
Falas de amor, e eu ouço tudo e
amor na Humanidade é uma mentira.
E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.
O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?
Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!
Augusto dos Anjos
Que o sangue podre das carnificinas
A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.
Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?
Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro - avança!
E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa!
Augusto dos Anjos
Soneto
Ao meu primeiro filho
nascido morto com 7 meses incompletos
2 fevereiro 1911.
Agregado infeliz de sangue e cal,
Fruto rubro de carne agonizante,
Filho da grande força fecundante
De minha brônzea trama neuronial
Que poder embriológico fatal
Destruiu, com a sinergia de um gigante,
A tua morfogênese de infante,
A minha morfogênese ancestral?!
Porção de minha plásmica substância,
Em que lugar irás passar a infância,
Tragicamente anônimo, a feder?!...
Ah! Possas tu dormir feto esquecido,
Panteisticamente dissolvido
Na noumenalidade do NÃO SER!
Augusto dos Anjos
SOLITÁRIO
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!
Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!
Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
Augusto dos Anjos
VERSOS ÍNTIMOS
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Augusto dos Anjos
www.pensador.info/autor/Augusto_dos_Anjos/
terça-feira, 27 de outubro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
terça-feira, 20 de outubro de 2009
VINICIUS DE MORAES
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Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Eu não existo sem você
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvemSó acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você.
Vinícius de Moraes
*
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
*
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
*
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
*
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...*
(Vinícius de Moraes)
www.pensador.info/autor/Vinicius_de_Moraes/
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